A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi oficialmente reconhecida como meio legal de comunicação e expressão da comunidade surda em 24 de abril de 2002. Diferente do que muitos pensam, Libras não é uma linguagem, e sim uma língua, com estrutura gramatical própria e características visomotoras.

Apesar do reconhecimento recente, a trajetória da Libras no Brasil começou ainda no século XIX. Em 1857, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) foi fundado com o objetivo de institucionalizar a língua.
A iniciativa teve influência direta do professor francês surdo Ernest Huet, convidado por Dom Pedro II, que trouxe conhecimentos da Língua de Sinais Francesa (LSF) para o país, auxiliando na construção da gramática da Libras.

Presidente da Associação de Intérpretes de Libras de Mato Grosso e estudante de Jornalismo na UFMT, Josemar Macena atua como intérprete há cinco anos e leciona há três. Em entrevista ao Primeira Página, ele compartilha suas vivências e destaca os desafios enfrentados pelos profissionais da área.
“Mesmo com a correria, é um trabalho gratificante. A Libras é o único meio de comunicação para muitas pessoas. Conhecer e atuar com ela permite mais empatia e inclusão”, afirma.

Josemar também alerta para a falta de cursos de formação e concursos públicos voltados à categoria. Segundo ele, há uma carência de educadores capacitados para formar novos intérpretes e um déficit de profissionais atuando em espaços públicos e essenciais.
“A ausência de intérpretes pode causar prejuízos graves. Já atuei em um parto em que a paciente era surda e o médico não sabia se comunicar. Se eu não estivesse ali, a mulher poderia ter sofrido complicações”, relata.
Outro ponto importante é que a Libras não é uma língua universal. Cada país possui sua própria Língua de Sinais. Atualmente, estima-se que existam cerca de 200 línguas de sinais no mundo.
Apesar dos avanços, a luta por acessibilidade e inclusão plena da comunidade surda continua. Neste Dia Nacional da Libras, a reflexão vai além da celebração: trata-se de reconhecer a comunicação como direito básico e fundamental — para todos.