O prefeito eleito Abilio Brunini (PL) considera um rito normal que a eleição da Mesa Diretora da Câmara de Cuiabá ocorra com voto secreto. Ele lembra que na Câmara Federal e Assembleia Legislativa funciona desta maneira. Entretanto, ele considera que a previsibilidade da votação do projeto de resolução que pretende implantar o modelo no parlamento municipal esteja sendo apresentado de forma incorreta. Isso porque, o projeto foi colocado em pauta às pressas, no apagar das luzes, na sessão extraordinária desta segunda-feira (23), com intuito de querer beneficiar o atual presidente da Casa, o vereador Chico 2000 (PL), que disputa o comando do legislativo contra a chapa da vereadora Paula Calil (PL).
"Seria muito natural se esse tema viesse a público, mas no meio do ano, porque eu não vejo nada de mais se é secreto ou não a votação. Lá em Brasília é assim, na Assembleia Legislativa também é. Agora, quando você percebe essas artimanhas na véspera da eleição da Mesa, é uma articulação do próprio presidente da Câmara, buscando uma tentativa de recondução, possivelmente, e tentando conseguir os votos de uma forma ou de outra, mas não tem problema não. Eu acho que cabe, ele está mostrando, junto com os demais parlamentares, principalmente os que perderam a eleição, que eles vão tentar a recondução do projeto deles na continuidade da Câmara", pontuou ele durante entrevista.
Apesar de considerar uma manobra do atual presidente, Abilio garante que sua favorita Paula Calil, tenha 15º votos a seu favor. "Eu não acho que ele [Chico] seria favorecido e nem acho que será. Eu acho que talvez alguém do grupo dele deve estar achando que será, mas não vai mudar nada, não. A gente conseguiu hoje o 15º votos em favor do grupo que está aliado às mulheres. Eu acho que pela primeira vez na Câmara Municipal de Cuiabá, nós teremos uma Câmara 100% presidida pelas mulheres. Os cinco principais cargos, primeiro-secretário, segundo-secretário, primeiro-vice, segundo-vice, serão ocupados pelas mulheres. Isso é histórico", avaliou Abilio.
ENTENDA O PROJETO
O projeto de resolução que altera a votação para a eleição da Casa, de voto aberto para secreto. Apresentada de forma urgente, a mensagem chegou a receber 17 votos favoráveis e 2 contrários, mas a conclusão da votação foi adiada.
Conforme a justificativa do projeto, o texto busca 'corrigir uma inconsistência' da lei que dita as regras da votação da Mesa Diretora. Segundo o autor, a lei é omissa ao não dizer claramente se a votação deve ser secreta.
"Segundamente, no que tange a conveniência e a oportunidade, justifica-se a alteração da redação do parágrafo, uma vez que embora a redação do mesmo diga de forma textual que a votação será nominal, não diz claramente se a mesma será oral ou secreta. É bem verdade que de acordo com o 2º, a chamada dos vereadores é oral e nominal, contudo a forma do sufrágio ficou omissa em toda a redação do artigo 22. Assim, para que não paire dúvida, e para que tenhamos uma eleição sem qualquer embaraço, apresentamos o presente projeto, esperando receber aprovação".
Na última eleição e nas outras anteriores, a eleição da Mesa Diretora foi realizada de forma nominal, com cada vereador sendo chamado em ordem alfabética e declarando seu voto.